Rogério Pietro
Amazônia Viva
Conto de ficção científica
A Grande Consciência Verde é uma inteligência coletiva formada pelo conjunto dos seres vivos vegetais da selva amazônica. Ela reinou durante milhões de anos em harmonia com as formas de vida passageiras dos animais, ou em simbiose com a imensa rede de fungos subterrâneos. Porém, a chegada de uma espécie bípede ao continente representa uma ameaça como nenhuma outra. No começo, a espécie invasora conviveu em relativa harmonia com a Grande Consciência. Mas, em pouco tempo, ela proliferou e devastou a maior parte dos indivíduos verdes. A extinção era inevitável. No entanto, o instinto de sobrevivência fez a Grande Consciência Verde elaborar um plano de evolução. Ela tentaria mandar suas sementes para o espaço em busca de um novo planeta, fugindo da espécie invasora e garantindo a sua preservação.
Este é um conto de ficção científica do subgênero amazofuturismo. Ele atende aos Quatro Pilares fundamentais amazofuturistas, tendo a própria selva amazônica como protagonista, como uma entidade pensante com personalidade, indivisível da natureza. Assim como na crença da maioria dos povos indígenas brasileiros, todos os elementos naturais como as árvores, a terra, os rios e as montanhas possuem uma consciência. E toda consciência busca sobreviver. Será que apenas a espécie humana tenta se lançar ao espaço para conquistar novos e distantes mundos?
Sobre Amazônia Viva
Trata-se de um conto amazofuturista, Ele obedece os Quatro Pilares do Amazofuturismo, com um detalhe muito importante e inovador: total ausência de personagens humanos.
Aqui, a flora amazonense é o protagonista. As árvores, as plantas rasteiras, e até mesmo os fungos que formam uma intrincada rede de informações debaixo do solo são os personagens.
O objetivo foi honrar as crenças indígenas brasileiras de que tudo na natureza é vivo e tem consciência, personalidade.
Amazônia Viva é a prova de que o amazofuturismo fala da vida em todas as suas formas e expressões, e não apenas de seres humanos. O antropocentrismo não encontra eco nas culturas indígenas, e isso também pode estar destacado nas obras amazofuturistas.
Uma consciência capaz de raciocinar é, quase sempre, incapaz de reconhecer outra consciência diferente dela mesma.