Amazofuturismo

Rogério Pietro

Amazofuturismo

Romance pioneiro da ficção científica brasileira

O primeiro romance amazofuturista da ficção científica.

Escondida na selva amazônica, a sociedade indígena dos Wara desenvolveu uma tecnologia mais avançada do que qualquer outra. A grandiosa aldeia de Tabora Boti, com suas torres e ruas douradas, floresceu em comunhão com os elementos da natureza. Com meios de comunicação instantânea pela rede de água existente em todos os seres vivos e no solo, suas motos voadoras em forma de onça-pintada e talismãs capazes de alterar a fisiologia do corpo, os Wara se desenvolveram durante quinhentos anos no seio da selva amazônica. Sua sociedade justa e democrática vive em paz, fazendo uso da tecnologia que foi trazida no passado por um descendente da lendária Atlântida. Mas o povo de Tabora Boti se vê ameaçado pela chegada de estrangeiros violentos e conquistadores. Com suas máquinas movidas a vapor, os invasores penetram o continente deixando um rastro de cinzas e fumaça pelas aldeias onde passam. Seus imensos veículos de ferro abrem caminho pela mata derrubando as árvores. Seus dirigíveis são um sinal de mau agouro para todas as aldeias sobrevoadas. Homens a pé desbravam o novo continente em busca de riquezas, levando consigo suas bandeiras. E eles descobrem que, em algum lugar no coração da selva, existe uma cidade feita de ouro puro. A divisão especial dos bokosawis, os urubus-rei, são a única linha de defesa entre a aldeia dourada e os invasores.

Sobre Amazofuturismo

A ideia de uma civilização tecnologicamente avançada no coração da selva amazônica não é nova. Guardadas as devidas proporções, os próprios indígenas brasileiros contavam a lenda de uma imensa cidade recoberta de ouro, cuja arquitetura e engenharia já seriam avanços tecnológicos consideráveis, na época. Tais lendas inspiraram exploradores e atiçaram estrangeiros que se dirigiram para a selva em busca de glória e riquezas. Essa busca por uma cidade dourada também serviu de base para a literatura.

O amazofuturismo nasceu como um subgênero da ficção científica. Ele foi criado nas artes visuais pelo ilustrador brasileiro João Queiroz, e logo se expandiu e ganhou o imaginário como um mundo de possibilidades a serem exploradas. 

Mas, afinal, o que difere o amazofuturismo das lendas, livros, desenhos animados e filmes de civilizações avançadas na Amazônia? A resposta é simples e define o subgênero. No amazofuturismo (ou silvifuturismo como alguns dizem), o protagonismo pertence aos indígenas, e não ao explorador estrangeiro, europeu, americano ou mesmo brasileiro) que persegue e encontra uma cidade maravilhosa cuja tecnologia foge à compreensão dos descobridores.

No amazofuturismo, o indígena amazônico é o ponto central da trama. A história é contado do ponto de vista dele, e o exótico fica por conta do estrangeiro. Além disso, toda a tecnologia amazofuturista deve estar em harmonia com a natureza, sem a dicotomia que existe entre homem e ambiente, como existe no steampunk, no dieselpunk ou no cyberpunk.

Portanto, o que eu proponho é que o subgênero precisa englobar quatro tópicos essenciais para ser considerado Amazofuturismo.

Primeiro. Ele deve envolver os indígenas da selva amazônica, justificando o nome do subgênero;

Segundo. A tecnologia dever ser futurística e inovadora, e não se prender apenas a tecnologias já existentes em outros povos; do contrário, seria apenas uma descaracterização da cultura indígena, e não amazofuturismo;

Terceiro. A tecnologia amazofuturista deve estar em harmonia com a natureza, sem agredi-la. Se a tecnologia avançada prejudicar a natureza, o conceito deixa de ser amazofuturismo e passa a ser amazopunk.

Quarto. Os indígenas devem ser os protagonistas, ou seja, a visão de mundo deve tê-los como ponto de vista. Afinal, histórias com sociedades avançadas perdidas na selva, sempre analisadas do ponto de vista do explorador europeu, americano ou brasileiro já existiam muito antes do Amazofuturismo.

Quinto. O amazofuturismo é sobre a vida em todas as suas formas e expressões. Isso está de acordo com a cosmovisão dos povos indígenas amazônicos, que negam o antropocentrismo típico de outros povos ou raças.

Portanto, o amazofuturismo não é um regionalismo que fala de todas as raças e povos moradores do estado do Amazonas. Ele vai além desse conceito minúsculo e dá voz aos povos originários que vivem em harmonia com a floresta amazônica. Essa voz finalmente traz esses povos para dentro da ficção, antes apagados pela miscigenação cultural forçada.

Ao saber da existência do subgênero, comecei a pensar em uma trama baseada em uma sociedade muito avançada vivendo na selva amazônica. As ideias foram fluindo naturalmente e, quando eu percebi, já tinha em mãos um romance sobre o tema. Para todos os efeitos, é o primeiro romance amazofuturista já publicado (considerando os elementos que definem o subgênero). Por esta razão, eu o batizei de “Amazofuturismo”. Este romance consolidou as bases do amazofuturismo no mundo.

 

A saga continua em Amazofuturismo 2: Primavera Ancestral

 Amazofuturismo 2 expande a jornada do novo subgênero da ficção científica brasileira, e é uma continuação direta do primeiro livro.

Amazofuturismo 2: Primavera Ancestral
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Cruzando a selva como raios dourados, os cinco pilotos desviavam das árvores sobre os seus veículos flutuantes em forma de onças-pintadas. Sem tocar o solo, eles deslizavam quase em silêncio pela imensidão verde de sombras e luzes, ora trafegando pela escuridão da mata cerrada, ora piscando debaixo dos feixes de claridade amarela que conseguia encontrar espaço nas copas das árvores.

trecho do livro amazofuturismo.