Xeno sapiens

Rogério Pietro

Xeno Sapiens

Conto de ficção científica

A humanidade não estava preparada para o que aconteceu.

Um objeto desconhecido de mais de 90km de diâmetro se aproxima da Terra a uma velocidade inacreditável. Enquanto o Programa de Observação de Objetos Próximos à Terra discute a natureza do fenômeno e se ele é uma ameaça, o mundo assiste perplexo à sua chegada. Depois de atravessar o sistema solar à metade da velocidade da luz, o misterioso objeto estaciona perto da Lua. Silencioso, o objeto permanece diante de nosso satélite natural como um grande olho a nos observar, desencadeando o medo nas forças armadas das grandes potências, a euforia e a esperança na população global.
Mas, apesar do silêncio, o misterioso objeto talvez esteja enviando uma mensagem que precisa ser decifrada.
O que aconteceria se a humanidade fosse confrontada com uma situação totalmente diferente do que ela acredita ser a verdade?
Xeno sapiens é um conto de ficção científica que expõe a pequenez humana diante da grandeza do universo.

Sobre Xeno Sapiens

A função da ficção científica é explorar as reações que a ciência ou a tecnologia causam nas pessoas ou nas coletividades.

Xeno Sapiens tem essa característica.  Os acontecimentos desse conto, que tem como base um primeiro contato com inteligências extraterrestres, procuram prever o que aconteceria caso a humanidade se deparasse com uma civilização muito mais avançada do que a nossa.

E isso incomoda. Xeno Sapiens é um tapa na cara dos acadêmicos, dos homens que se dizem “da Ciência”, dos pesquisadores universitários que, do alto do pedestal de barro que eles construíram para si mesmos, se veem colocados em sua verdadeira dimensão.

Aqueles que se julgam intelectuais e donos da verdade absoluta são convidados a confrontar sua pequenez diante do espelho que é a mensagem do conto.

Xeno Sapiens é um soco na boca do estômago do orgulho. E há quem se machuque muito.

Mas o conto também é uma mensagem verossímil de como seria um primeiro contato, e de como reagiríamos às condições impostas por seres mais evoluídos.

 

Do que fala Xeno Sapiens?

Xeno Sapiens não é uma apologia à ignorância, nem tampouco um chamado à descrença científica. A Ciência é a busca pela verdade, e negá-la é negar os próprios mecanismos que nos levam a descobrir a verdade.

Uma das inspirações que me levaram a escrever este conto foi uma publicação feita em uma revista científica de enorme índice de impacto mundial. Aconteceu em algum momento no final dos anos 90, enquanto eu fazia meu mestrado no Instituto Butantan. Sempre havia os números mais recentes de grandes revistas científicas sobre a mesa de nossa sala de recreação. Naquele exemplar, em específico, estava uma matéria perguntando “o que falta sabermos?”. Foram convidados quatro ou cinco cientistas muito influentes em suas áreas do conhecimento para responderem a essa pergunta.

Pois bem, as respostas foram tão tacanhas, tão limitadas, que a matéria terminava nos dando a impressão de que quase tudo o que a humanidade precisa saber sobre o universo já está descoberto, e que faltam pequeninos detalhes para atingirmos a totalidade do conhecimento científico universal. Em outras palavras, parece que já sabemos quase tudo, restando apenas descobrir o que é a matéria escura, confirmar uma ou outra coisinha da Teoria da Relatividade, entender um mero detalhe dos buracos negros. Tal postura é contrária à própria Ciência, que é uma busca, e não um dogma religioso que não pode ser tocado.

Aquilo ficou martelando na minha cabeça até virar uma ideia para um conto. E se recebêssemos a visita de alienígenas que nos dissessem que quase tudo o que sabemos está errado, e que – ao contrário do que os cientistas de renome pensam – não conhecemos nem 1% da verdade sobre o universo onde vivemos?

Isso seria um choque tremendo, não apenas em nossas convicções, mas em nosso orgulho titânico. E é disso que Xeno Sapiens trata: do estranhamento, do choque de realidade e da mudança de paradigmas.

 

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“Xeno sapiens”, é mais uma amostra da entrega impecável do autor na linguagem, na construção e na adequação ao gênero. 

– maikel rosa, escritor de ficção científica